quarta-feira, 21 de julho de 2010

Seminário: Máscaras Africanas

A importância das Máscaras Africanas nas tribos.

Objetos Cotidianos:

Em África todos os objetos sejam eles cotidianos ou para cerimônias especiais, tem sempre uma utilidade prática.
As máscaras são um exemplo muito claro, elas são usadas nas danças e cerimônias públicas, e a sua função é constituir um laço entre o mundo humano e o divino.
Elas são esculpidas para serem exibidas em determinadas circunstâncias da vida social da tribo.

Poder das máscaras:

As máscaras tem valor religioso nas tribos, ela representa o poder do homem ou das divindades que representam. E é por meio delas que esse poder torna-se presente aos homens que as usam.
Essas são feitas para ocasiões especiais como: Dança da fecundidade, ritos de iniciação, funerais, casamentos, etc.

Tipos de Máscaras:

Na República do Congo, uma máscara que representa o rosto de um homem com a barba comprida, foi esculpidas para o funeral de um senhor (idoso), e a barba comprida é símbolo de sabedoria. Portanto o homem que a usa durante a execução da dança fúnebre exterioriza a presença do defunto. Isso serve para que seus familiares se confortem.
Máscara: Velho de barba
Representa sabedoria
Essa máscara vem da civilização Dan, eles esculpem várias máscaras faciais de madeira, que são utilizado com trajes diversos.
Dan: Costa do Marfim.

Os Povos e suas Máscaras: Xenufo

Os Xenufo, um povo que habita as planícies da Costa do Marfim, tem o seu bailarino com a cabeça coberta e usando uma máscara grande com feições de animal , nas cerimônias de iniciação. Os enfeites representam os animais mostrando assim o caos inicial do Universo.
O Homem que usa a Máscara
O homem que usa essa máscara, aterroriza com suas danças a gente da aldeia, afastando assim os espíritos maléficos, purificando o terreno para a cerimônia se iniciar.

Máscara na História da Humanidade:

Á máscara aparece na história da humanidade desde épocas mais remotas. Ao que tudo leva a crer, um dos seus primeiros elementos motivadores seria a exigência mágico – religiosa ligada as necessidades da vida cotidiana. È bem provável que o homem africano recorresse a essa representação mágica – dança com máscara, para obter êxito na caça, por exemplo.

As Máscaras e os Deuses:

O homem utiliza das máscaras para obter um diálogo com seus deuses ancestrais, e nestas representações (dança com máscara), encontram formas diferentes de crer, de se revelar ou, ainda, de representar o mundo próximo e a memória remota. A máscara vai além de uma peça, geralmente feita de madeira, ela é antes de tudo, uma preparação, um estado de predisposição, trata-se de compromisso e partilha.

O homem africano e a máscara:

O homem africano vê a máscara não só como um meio de fugir à realidade cotidiana, mas sobretudo uma possibilidade de participar da multiplicidade da vida, criando novas realidades fora daquela meramente humana.
Mascarado ele também poderá ser um homem – espírito, homem – animal, homem – divindade. Isto representa uma real possibilidade de existir de outra forma, possibilidade admitida e reconhecida: de fato ninguém duvida do poder transfigurados da máscara. Daí vem a reverência e o temor que ela incute.

Funções Práticas da máscara:

A necessidade de sentir-se participante das forças que animam o mundo, de colaborar com ela e explorá-las, é a base do uso e do culto da máscara. Porém este objeto tem uma função bem mais prática nestas tribos, além da função metafísica, ela também é usada para observar e respeitar leis políticas, sociais, educar jovens, superar discórdias, manter a ordem, presidir funerais, casamentos, nascimentos ou só divertir a aldeia.

Cultura Cokwe:

Os Cokwe são originários da região da província da Luanda, em Angola, este povo identifica a arte como uma forma de manter seus valores culturais. Á máscara constituiu um papel importante entre as civilizações africanas, ela é um instrumento sagrado, místico, invocatório e até mesmo de defesa para eles. Entre os cokwe as máscaras tem um papel fundamental que é o de esconder o rosto do Mukixe (espírito).

Máscara e Religiosidade:

É inegável a intimidade da máscara com a religiosidade. Ela nasceu em função de determinados rituais religiosos, como por exemplo, a prática da circuncisão. “os indivíduos masculinos apenas são homens, no conceito viril do termo, depois do rito de passagem ou circuncisão...” (José Redinha, 1945)

Tipos e Variedades de máscaras: Angola

“...Imagens convidam os olhos a não se apressar, mas sim a descansar por um instante e a se abstrair com elas no enlevo de sua revelação...” (Joseph Campbell).

Podemos dizer que em angola temos 3 tipos de máscaras a saber:
Máscara de madeira (grupo de material rígido)
Máscara de entrecasca de árvore e resina ( material semi- rígido)
Máscara de fibras e encordoados ( material não rígido)

Máscaras de Madeira:

As máscaras de madeira são as mais apreciadas, exigindo do artista um trabalho de talhe. Elas são mais retraídas, convencionais, são mais serenas na fisionomia. Distingue-se nela dois tipos diferentes representadas pela máscara de mulher ou matriarcado e as máscaras de homem ou de patriarcado. Os Iacas, Luenas e Guanguelas são os povos que mais cultuam esse tipo de máscara.
Mwana Pwo: (origem cokwe, Mwana: filho(a), Pwo: Mulher)
Binômio de origem cokwe: A Mwana Pwo é a principal representante desse grupo (matriarcal), é elaborada em madeira, com cabeleira feita a partir de fibras vegetais, ornada com pregaria de latão e colar feito de frutos silvestres secos.

A representação de Mwana Pwo:

Os cokwe dedicam todo o seu poder na elaboração de Mwana Pwo, pois ela atualiza mitos e referências histórico – lendária na cosmologia desse povo, e representa ainda a beleza e autoridade feminina.

O significado da máscara e do mascarado:

A função da máscara é esconder o rosto do mascarado para que a identidade sobrenatural dele seja preservada, somente os homens usam as máscaras, mulheres não podem nem tocá-las.
O mascarado ao por sua máscara tem o papel de mensageiro, regido pela força misteriosa da máscara ele a utiliza para transmitir ao seu povo mensagens, e para ter benefícios também. Pois mascarado pode se comunicar com seus antepassados, com figuras simbólicas da sua tradição. Pois a máscara confere autoridade, autentica, legitima o ato ritualizado, além de reafirmá-lo como individuo articulador e principalmente comunicador.
A metamorfose deste homem através da máscara é solicitada por seus companheiros de grupo, que crêem nessa possibilidade de participação e exploração do mundo sobrenatural, é como se houvesse neste momento uma hipnose coletiva. A máscara faz a ligação sobrenatural x humano, o mascarado tem a função primordial de anunciar a abertura da Mukanda (festividade de circuncisão), anuncia morte, pede pelos neófitos. eles começam sua obrigação até mesmo na escolha da árvore apropriada para tal máscara, uma árvore mal escolhida pode trazer maldições para seu povo.

O Mukixe:

Quase todo mukixe se apresenta dançando, e para isso dedica-se diariamente a exaustivos exercícios de dança para o dia da festa. Em todo momento da sua existência o africano é acompanhado pela dança. As máscaras são criadas sobretudo para estarem sempre em movimento, e a dança é o complemento necessário para sua total compreensão estética.

Ritual Mukixe e os Orixás: Obaluaiê e Mukixe

A dança de obaluaiê possui vários momentos que representam passagens míticas, assim como a dança do mukixe, além disso os dois dançam ao som de atabaques. A dança é uma representação da magia, e magia é mais que captação de forças da natureza, do mundo invisível, ela é uma atividade emotiva.
Quanto a vestimenta de mukixe, também é bem semelhante ao do orixá obaluaiê, a vestimenta mais comum usada pelo mascarado cokwe é uma palha que lhe cobre todo o corpo, com exceção da cabeça que é coberta pela máscara.
Podemos dizer também que os capacetes dos orixás chamados adê composto por seus chorões feitos de miçangas, vidrilhos e contas, funcionam como tapagens do rosto, um tipo de máscara. Podemos ir mais além do conceito de mascarar , para a pintura corporal do noviço no candomblé.
Pinturas do Candomblé:

Associadas a algumas escarificações – “Catulagem” ou “Curas” – transforma o não iniciado em iniciado, na cerimônia do Efun no candomblé kêtu, a pintura do Iaô confere status por meio de uma série de símbolos, principalmente a cabeça raspada, seguindo-se de pintas e traços conforme o orixá que está sendo “feito” (iniciado), prevalece sempre o branco e azul como cores básicas, mas podendo incluir o vermelho em diferentes combinações visuais.
As incisões sobre as costas, braços e outras partes do corpo seguem as escarificações étnicas, porém o emprego usual da cruz nesse conjunto de traços feitos a navalha, confirma a inclusão de um elemento estranho á origem, ainda que já incorporados aos códigos do dos noviços do terreiro, esse mesmo código pertence aos artesãos que fazem as máscaras, eles não podem esquecer o sinal cruciforme que é a marca dos Cokwe.

Máscara Gueledés: Nigéria/ Bahia

O culto as Gueledés é natural da Nigéria e foi cultuada aqui no Brasil até as primeiras décadas do século 20, especialmente na Bahia, este culto constitui a marca de poder das sociedades matriarcais que por intermédio deste poder fazem bruxas descerem para as danças nas aldeias.
“os nigerianos acreditavam que o culto das gueledés estava ligado a descoberta da clarividência, por isso a existência de pássaros, simbolizando esse poder.”

Semelhanças do Egun Gun e o Mukixe

Assim como o Mukixe o Egun Gun também é um ancestral da tribo, e tem a função e tradição de manter a ordem no que poderia ser o caos, e nos rituais as vestimentas de ambos são bem semelhantes, ambas cobrem todo o corpo e são acompanhadas de máscaras. O Egun apresenta-se em público em meio as grandes cerimônias e festas, com roupas muito coloridas.
Considerações Finais: a máscara e sua função dentro da sociedade.
Na Grécia antiga as máscaras eram muito usadas no teatro, em Veneza nos famosos “Bailes de Máscaras”, mas esse intuito era totalmente carnavalesco e teatral. Na sociedade africana sua função é ritualística, o uso deste costume influencia diretamente nos trabalhos agrícolas, nas guerras, na fertilidade, e o principal papel destas representações é de educar os jovens no que diz respeito as leis daquele povo, mostrar a importância da tradição, explicar os tabus, explicar a origem e a formação do universo e do clã a quem pertence. Além disso elas servem para perpetuar os costumes dos ancestrais.
Como podemos perceber a máscara é uma forma de materializar o que as tribos africanas passam através da oralidade. A dança por sua vez é complemento fundamental para essa prática.
E elas se assemelham, desde máscara tribal até os adês dos orixás. Materializam seu poder, mostram ao povo leis a serem seguidas, educam, divertem, estão ligadas a fé humana, e representação do divino aqui na terra.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

CALENDÁRIO AFRO - BRASILEIRO

JANEIRO

01 - Dia Mundial da Paz
01 - Independência do Haiti /1804
02 - Fundação da Irmandade do Rosário dos Homens Pretos, em São Paulo, SP /1771
03 - Fundação da União dos Homens de Cor de Porto Alegre, RS / 1943
06 - Circula pela primeira vez o jornal O Clarim da Alvorada, organizado por José Correia Leite e Jayme de Aguiar/ 1924
06 - Nascimento de Juliano Moreira, médico psiquiatra considerado pai da psIquiatria brasileira, em Salvador, BA / 1873
08 - Fundado o Congresso Nacional Africano - CNA - África do Sul /1913
15 - Nasce Martin Luther King Jr. / 1929
15 - O governo baiano suprime a exigência de registro especial para templos de ritos afro-brasileiros
20 - Assassinado pela polícia portuguesa Amílcar Cabral, poeta revolucionário, lutador pela liberdade da Guiné e Cabo Verde
24 - Revolta dos Malês, na Bahia /1835
26 - Nasce Angela Davis, EUA
29 - Morre José do Patrocínio, o "Tigre da Abolição" , jornalista negro e ativista da causa abolicionista
31 - Nascimento, em 1582, de Nzinga, rainha de Angola de 1633 a 1663


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FEVEREIRO

01 - Nascimento, em Minas Gerais, da antropóloga e filósofa Lélia Gonzalez, intelectual e militante / 1935
02 - Dia de Iemanjá
06 - Nasce o cantor e compositor Bob Marley / 1945
07 - Nascimento de Clementina de Jesus da Silva, Valença/RJ /1902
09 - Nasce a escritora Alice Walker, na Geórgia, EUA / 1944
11 - Libertado Nelson Mandela, depois de 27 anos de prisão, na África do Sul /1990
12 - Nascimento de Arlindo Veiga dos Santos, acadêmico e primeiro Presidente da Frente Negra Brasileira (ver 16/9) / 1902
12 - Admitido o primeiro universitário negro na Universidade de Alabama - EUA /1956
13 - Assassinato de Patrice Lumumba - Congo /1961
14 - Morre a escritora Carolina Maria de Jesus, autora, dentre outros livros, de Quarto de Despejo
18 - Morre o poeta, compositor, ator e teatrólogo Solano Trindade / 1974
19 - W.E.B. Dubois organiza o Primeiro Congresso Pan-africano em Paris / 1919
19 - Carter G. Woodson cria, nos EUA, a "Negro History Week", atualmente o "Black History Month" (Mês da História Negra) / 1926
21 - Morre assassinado Malcom X / 1965
23 - Nasce William Edward Burghardt Dubois, doutor em Filosofia e pai do pan-africanismo contemporâneo
26 - As potências européias repartem o continente africano /1885
28 - Criação do Quilombhoje Literatura / 1980


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MARÇO

02 - Ocorre o primeiro carnaval de escolas de samba do Rio de Janeiro, RJ / 1935
04 - Morreu o poeta Lino Guedes, em São Paulo, SP / 1951
06 - Gana é o primeiro país da África Negra a tornar-se independente/1957
06 - Abolição da escravatura no Equador / 1854
07 - Grande Marcha pelos direitos civis, de Selma à Montgomery, liderada por Martin Luther King, Jr. / 1963
08 - Dia Internacional da Mulher
14 - Nasce Abdias do Nascimento, ex-senador, criador do teatro Experimental do Negro (ver 13/10) / 1914
14 - Morte do franciscano negro Santo Antonio de Categeró / 1549
21 - Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial, em memória das vítimas do massacre de Shapeville, na África do Sul / 1960
21 - Zumbi dos Palmares é incluído na galeria dos heróis nacionais / 1997
21 - Independência da Etiópia / 1975
21 - Independência da Namíbia / 1990
22 - Abolição da escravatura em Porto Rico / 1873
25 - Nascimento de Aristides Barbosa, jornalista, educador e ex-militante da Frente Negra / 1920
30 - Os homens afro-americanos conquistam direito de voto nos EUA / 1870


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ABRIL

01 - Primeiro Festival Mundial de Arte Negra, Dakar, Senegal / 1966
01 - Criação do Partido dos Panteras Negras, EUA / 1967
04 - Assassinato de Martin Luther King Jr., Memphis, EUA /1968
04 - Criação do bloco afro Agbara Dudu, Rio de Janeiro, RJ / 1982
04 - Independência do Senegal / 1960
05 - Nasce o grande capoeirista Vicente Ferreira Pastinha, "Mestre Pastinha" / 1888
05 - Nasce o compositor Joaquim Maria dos Santos, Donga, autor de Pelo Telefone, primeiro samba gravado
07 - Dia da Mulher Moçambicana
12 - Nasce Esmeraldo Tarquínio, deputado estadual e prefeito de Santos / 1927
15 - Nasce o compositor do Hino à Bandeira, o negro Antônio Francisco Braga / 1868
19 - Independência de Serra Leoa / 1961
19 - Dia do Índio
23 - Nascimento de Pixinguinha, músico / 1898
25 - O Bloco Afro Olodum é criado em Salvador, BA /1979
26 - Nasce Benedita da Silva, primeira mulher negra a ocupar o cargo de governadora / 1942
26 - Iniciam-se as primeiras eleições multirraciais na África do Sul / 1994
27 - Independência do Togo


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MAIO

01 - Dia Mundial do Trabalhador
03 - Nascimento do geógrafo Milton Santos, que revolucionou a Geografia, dando-lhe um enfoque humanista
13 - Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo
13 - Nascimento do escritor pré-modernista Lima Barreto / 1881
13 - Dia dos Pretos Velhos
13 - Abolição da escravatura no Brasil / 1888
18 - Criação do Conselho Nacional de Mulheres Negras, no Rio de Janeiro / 1950
23 - Nascimento do poeta Carlos de Assumpção, autor do célebre poema Protesto
25 - Criação da Organização da Unidade Africana - OUA / 1963
25 - Dia da Libertação da África, promovido pela ONU / 1972


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JUNHO

05 - Dia de Solidariedade ao Povo Moçambicano
06 - Morre o jamaicano Marcus Garvey, mentor do Pan-africanismo / 1940
21 - Nascimento de Luís Gama - jornalista, poeta e um dos gigantes da causa abolicionista / 1830
21 - Nascimento de Machado de Assis / 1839
24 - Nascimento de João Cândido, o "Almirante Negro", líder da Revolta da Chibata
25 - Independência de Moçambique, África / 1975
26 - Independência da Somália / 1960
30 - Independência do Zaire, África/ 1960


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JULHO

01 - Independência de Ruanda, África / 1960
01 - Independência de Burundi, África / 1962
02 - Nascimento de Franz Fanon, médico psiquiatra e revolucionário / 1921
02 - Nascimento de Patrice Lumumba / 1925
03 - Aprovada a Lei Afonso Arinos, colocando a discriminação racial como contravenção penal / 1951
03 - Independência da Argélia, África / 1962
05 - Independência de Cabo Verde / 1975
07 - Leitura, em frente ao Teatro Municipal, de carta aberta à nação contra o racismo, inaugurando o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (depois MNU) / 1978
08 - Fundação do Instituto de Pesquisas da Cultura Negra (IPCN), Rio de Janeiro / 1975
12 - Independência de São Tomé e Príncipe / 1975
15 - Ocorre a primeira Conferência sobre a Mulher Negra nas Américas, Equador / 1984
17 - O ator Grande Otelo recebe o título de Cidadão Paulistano / 1978
18 - Nascimento do líder sul-africano Nelson Mandela / 1918
24 - Nascimento do poeta Solano Trindade, em Pernambuco / 1908
25 - Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha
26 - Independência da Libéria, África/ 1846


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AGOSTO

01 - Independência do Benin, África/ 1975
03 - Independência do Níger, África / 1960
07 - Independência da Jamaica / 1962
07 - Independência da Costa do Marfim / 1960
08 - Em Lagos (atual Nigéria) é registrado o primeiro ato de escravidão, por Portugal / 1444
10 - Morre o padre Batista, um dos fundadores do Instituto do Negro e dos Agentes de Pastoral Negros / 1991
12 - É publicado o manifesto dos conjurados baianos da Revolta dos Alfaiates, protestando contra os impostos, a escravidão dos negros e exigindo independência e liberdade / 1798
14 - Morre a Ialorixá Mãe Menininha do Gantois / 1986
15 - Independência do Congo, África / 1960
17 - Nascimento do pan-africanista Marcus Garvey / 1887
19 - Independência do Gabão / 1960
23 - Nascimento de José Correia Leite, fundador do jornal O Clarim da Alvorada / 1900
24 - Primeiro Congresso de Cultura Negra das Américas, na Colômbia / 1977
24 - Morte do abolicionista Luís Gama / 1882
28 - Primeira Marcha de Negros sobre Washington, em favor dos direitos civis, EUA / 1963
29 - Nascimento de Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, escultor, entalhador e arquiteto


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SETEMBRO

04 - Promulgação da lei Euzébio de Queiroz, extinguindo o tráfico de escravos no Brasil / 1850
07 - Criação do Grupo União e Consciência Negra do Brasil / 1981
10 - Morte do líder angolano Agostinho Neto / 1979
11 - Independência do Senegal, África / 1960
14 - É fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro da imprensa negra brasileira / 1833
16 - Fundação da Frente Negra Brasileira, maior entidade da primeira metade do século, primeiro partido político de afro-descendentes/ 1931
18 - Circula o primeiro número do jornal A Voz da Raça, jornal da Frente Negra / 1933
18 - Decreto do Presidente Getúlio Vargas diz que o Brasil precisa desenvolver, em relação à imigração, "as características mais convenientes de sua ascendência européia"
21 - Independência do Mali / 1960
22 - Libertação jurídica dos escravos nos EUA / 1862
22 - Independência do Mali, África / 1960
24 - Independência da Guiné-Bissau, África / 1973
27 - Dia dos Idosos
28 - Aprovada a Lei do Ventre Livre / 1871
28 - Assinada a Lei do Sexagenário / 1885


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OUTUBRO

01 - Independência da Nigéria, África / 1960
01 - Fundação, na PUC, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros - NEAFRO
02 - Independência da Guiné, África / 1958
07 - Dia de Nossa Senhora do Rosário, patrona dos negros
09 - Nascimento, em São Paulo, do poeta, ensaísta e crítico Mário de Andrade, de ascendência afro nem sempre lembrada / 1893
10 - Morre Francisco Lucrécio, Secretário da Frente Negra Brasileira, em São Paulo / 2001
11 - Nascimento do compositor e cantor Agenor de Oliveira, o Cartola / 1908
12 - Começa a devoção a Nossa Senhora Aparecida, quilombola negra, padroeira do Brasil, a partir de 1717
13 - É fundado o Teatro Experimental do Negro no Rio de Janeiro / 1944
14 - Martin Luther King Jr. recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1964
16 - O arcebispo Desmond Tutu recebe o Prêmio Nobel da Paz / 1984
16 - Wole Soyinka torna-se o primeiro africano a receber o Prêmio Nobel de Literatura / 1986
24 - Nascimento de Esmeralda Ribeiro, poeta e uma das coordenadoras do Quilombhoje / 1958
24 - Nascimento do poeta e jornalista Oswaldo de Camargo, co -fundador do Quilombhoje / 1936
26 - Dia Nacional da Juventude
31 - Nascimento de Luiz Silva - Cuti, poeta, dramaturgo e co-fundador do Quilombhoje / 1951


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NOVEMBRO

01 - É criado o Bloco Afro Ilê Ayiê, Salvador, BA/ 1974
01 - Morte do escritor Lima Barreto / 1922
04 - O MNU declara o 20 de novembro Dia Nacional da Consciência Negra / 1978
10 - O governo Médici proíbe em toda a imprensa notícias sobre índios, esquadrão da morte, guerrilha, movimento negro e discriminação racial / 1969
11 - Independência de Angola / 1975
11 - Independência do Zimbabwe /1980
19 - Nascimento de Paulo Lauro - primeiro prefeito negro de São Paulo, SP / 1907
19 - Publicação de despacho de Rui Barbosa ordenando a queima de livros e documentos referentes à escravidão negra no Brasil
19 - Lançamento do primeiro volume de Cadernos Negros /1978
20 - Morte de Zumbi, líder do quilombo dos Palmares /1695
20 - Dia Nacional da Consciência Negra
20 - O grupo gaúcho Palmares declara o 20 como Dia do Negro / 1975
24 - Nascimento, em Santa Catarina, de Cruz e Souza, o maior poeta simbolista brasileiro / 1861




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DEZEMBRO

02 - Dia Nacional do Samba
02 - Nascimento de mestre Didi, em Salvador, BA
02 - Nascimento de Francisco de Paula Brito, primeiro editor brasileiro, em Magé, RJ / 1809
05 - A Constituição proíbe negros e leprosos de frequentar escolas no Brasil / 1824
08 - Dia de Oxum
10 - Comemoração da Declaração Universal dos Direitos Humanos
12 - Independência do Quênia / 1963
20 - A lei 7437 condena o tratamento discriminatório no mercado de trabalho, por motivo de raça ou de cor
29 - Nascimento, no Senegal, do Cheik Anta Diop, autor de um trabalho de revisão da história africana

sexta-feira, 16 de julho de 2010

ANCESTRALIDADE NEGRA

Nossa história foi manchada pelo sangue dos nossos ancestrais.
Arrancados de sua terra, traídos pelos seus irmãos.
Vendidos como mercadoria sem valor, vieram para a “Pátria Amada, Mãe Gentil”.
De gentilezas cruéis, arrancava a pele açoitando as costas de seus filhos adotados.
O sol da liberdade, com seus raios fulgidos foi ofuscada pela escravidão.
Mesmo pós-abolição.
Os filhos deste solo foram arrancados do ventre de sua mãe.
Abortados do ventre da mãe África.
Sendo usurpada viu-se obrigada a acompanhar seus filhos na raiz da cultura que ainda prevalece, para que os seus não esquecessem de onde vieram.
África mãe gentil, Brasil pai cruel e ditador, que explora seu poder de pai, para ser exaltado como indispensável na vida dos filhos.
África mãe gentil, explorada pelo seu senhor Brasil.
Mas apesar de sua fragilidade feminina, resistiu e resiste á séculos de exploração.
Filhos d’África, filhos da força, filhos da resistência.
Filhos d’África não descendemos de escravos.
Também temos o “sangue azul”, também viemos da nobreza.
Descendemos de reis, rainha, príncipes, princesas.
Nosso Deuses tem seus segredos e mistérios, e estes vieram impregnados nos nosso genes.
Nossa história não começa em 1500 com a chegada dos colonizadores ao Brasil.
Antes disso nossa descendência já estava sendo plantada, com a exploração dos nossos índios.
Brasil, pátria amada Brasil.
Óh grande pai dos afro-descendentes.
Brasil, pai amado Brasil, que tentando mostrar sua autoridade de pai, explorou seus filhos e sua grandiosa esposa África.
Saiba grande pai, que mesmo humilhados, açoitados, torturados pela sua impafia e nobreza,
Nossa gentil mãe África lhe deu a maior nobreza que você tem até os dias de hoje.
Essa nobreza somos nós Afro-descendentes.
Pollyana Almië

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A PARTICIPAÇÃO AFRICANA NO TRÁFICO DE ESCRAVOS

O tráfico transatlântico de escravos desenvolveu-se em parte graças à participação dos próprios africanos






Apesar de o tráfico negreiro ser geralmente caracterizado como obra dos países europeus e americanos, os africanos também participaram ativamente dessa atividade. O tráfico exigia uma organização comercial complexa para a venda e o transporte dos escravos. Essa organização encontrava-se baseada nos três continentes do Atlântico. Na África ela concentrava-se nas mãos dos próprios africanos, que determinavam quem embarcava ou não para o Novo Mundo. Isso em nada diminui o envolvimento dos países europeus e americanos no tráfico de escravos, mas revela um lado pouco conhecido da participação africana nessa atividade.





Os africanos escravizavam-se uns aos outros por uma questão de identidade cultural. Ao contrário dos europeus, no princípio do tráfico negreiro, e ainda bem depois disso, os africanos não se reconheciam como africanos. Eles se identificavam de diversas maneiras, como pela sua família, clã, tribo, etnia, língua, religião, país ou Estado. Essa diversidade sugere uma sociedade bem mais complexa do que aquela a que estamos acostumados e designamos por “africana.” Pouco vale distingui-las neste momento. Contudo, deve-se atentar para essa diferença, uma vez que ela ajuda a entender a origem do tráfico de escravos e da escravidão africana no Novo Mundo.



A escravidão foi uma instituição presente na maior parte do mundo. Na África, ela surgiu antes mesmo da era dos descobrimentos marítimos dos europeus. Desde a antiguidade clássica, escravos negros eram vendidos para os mercados da Europa e da Ásia através do Deserto do Saara, do Mar Vermelho e do Oceano Índico. Eles eram vendidos entre os egípcios, os romanos e os muçulmanos, mas há notícias de escravos negros vendidos em mercados ainda mais distantes, como a Pérsia e a China, onde eram recebidos como mercadorias exóticas. Na própria África, os africanos serviam como escravos em diversas funções, desde simples trabalhadores até comandantes ou altos funcionários de Estado. Portanto, tanto a escravidão como o comércio africano de escravos precederam à chegada dos europeus e à abertura do comércio marítimo com o Novo Mundo.









Com a colonização das Américas, um novo mercado surgiu para o comércio africano de escravos. As plantações de açúcar do Brasil e do Caribe expandiam progressivamente, demandando cada vez mais mão de obra. Contudo, as populações nativas do Novo Mundo, dizimadas em grande parte pelas doenças trazidas pelos europeus, mal podiam atender essa demanda. Os europeus, por outro lado, viam poucos motivos para trabalharem voluntariamente nas plantações de açúcar. As condições de trabalho eram geralmente precárias e pouco gratificantes, de maneira que mesmo prisioneiros ou indivíduos obrigados a um termo de trabalho raramente se sujeitavam a trabalhar nas plantações de açúcar do Novo Mundo. O problema da escassez de mão de obra foi solucionado com o tráfico transatlântico de escravos.





A escravidão na África serviu de base para o desenvolvimento do tráfico transatlântico de escravos. Inicialmente, os europeus organizaram expedições marítimas para capturar e transportar escravos pelo Atlântico. Contudo, os riscos e os custos dessas expedições eram muito altos em comparação aos ganhos. Por isso, decidiram por um método menos agressivo para a obtenção de escravos, adotando o comércio no lugar da força bruta. Os africanos responderam positivamente a essa decisão, uma vez que já estavam longamente familiarizados com o comércio de escravos. A abertura do comércio transatlântico com os europeus proporcionou aos africanos acesso a objetos que eles consideravam como de luxo, e não quinquilharias como geralmente se anuncia. Os africanos rarissimamente venderam escravos por bens de primeira necessidade. A maioria dos objetos importados pelos africanos consistia em bens supérfluos como panos asiáticos e europeus, bebidas alcoólicas, tabaco, armas de fogo, e pólvora.






Havia várias maneiras de um indivíduo se tornar escravo na África. O mais comum, e talvez mais eficiente, era a guerra. Guerras entre vizinhos geralmente produzia um número de indivíduos capturados que poderia ser facilmente vendido na costa como escravo. No entanto, as guerras eram um método de escravização caro, que somente sociedades centralizadas ou estatais poderiam sustentar. Outros métodos de escravização menos dispendiosos e abertos às sociedades africanas descentralizadas incluíam as razias, o endividamento, e o julgamento por crimes ou heresias. Finalmente, em tempos de carestia, havia ainda a possibilidade de escravização voluntária, na qual indivíduos livres entregavam-se à escravidão movidos pela fome, pelo abandono ou por outras ameaças.






O tráfico transatlântico consumiu mais escravos do que qualquer outro mercado da África. Contudo, a demanda por escravos do comércio transatlântico pouco alterou a maneira como os africanos concebiam a escravidão na África. Em geral, os africanos preferiam mulheres como escravas por dois motivos. Primeiro porque as mulheres eram responsáveis pelo trabalho agrícola na maioria das sociedades africanas, e segundo porque eles poderiam tomar essas mulheres por esposas, aumentando assim a sua família e a sua influência política na comunidade local. As crianças também eram consideradas escravos ideais pelos africanos, uma vez que poderiam ser facilmente assimiladas pela comunidade dos seus senhores. Ao contrário, os africanos procuravam se desfazer logo de escravos homens, que poderiam representar um perigo para a sociedade, especialmente em se tratando de soldados capturados em guerras. Nesse sentido, o tráfico transatlântico de escravos contribuiu para aliviar os senhores africanos desse tipo de escravo, já que as plantações do Novo Mundo demandavam mais homens do que mulheres e crianças como escravos.
O tráfico negreiro atuou diferentemente em várias partes da costa africana. Por isso, torna-se difícil de calcular o impacto dessa atividade no continente. Na Baía de Benin e na costa do Congo e Angola, onde o tráfico foi especialmente ativo, o seu impacto é geralmente associado à violência comercializada, a crises demográficas, e à expansão da escravidão na própria África. Em outras partes do continente, as consequências devem ter sido menos severas, apesar da economia externa africana viver hoje profundamente voltada para fora do continente. De toda maneira, o tráfico transatlântico de escravos foi uma atividade na qual os africanos atuaram tanto como vítimas quanto agentes. Talvez, o primeiro passo para se compreender a história dessa tragédia seja reconhecer que até pouco tempo a escravidão era aceita pela maior parte do mundo. Uma prova disso está na ocasião que ora se celebra. O 13 de Maio de 1888 representou o fim da escravidão no Brasil, o último pais a abolir a escravidão nas Américas, apenas cerca de dois séculos atrás. Portanto, seja entre europeus, seja entre africanos, havia poucos fatores que pudessem inibir o desenvolvimento do tráfico transatlântico de escravos.



Autor: Daniel B. Domingues da Silva
Extraído de www.conexaoprofessor.rj.gov.br

GRANDES REIS E RAINHAS DA ÁFRICA

HATSHEPSUT
A Rainha mais habilidosa de uma Antiguidade Distante
(1503 – 1482 A.C.)








Hatshepsut subiu ao poder depois que seu pai, Thutmose I, estava com paralisia. Ele designou Hatshepsut como sua principal ajudante e herdeira para o trono. Enquanto vários rivais masculinos buscavam o poder, Hatshepsut resistiu aos desafios deles para permanecer líder daquela que era até então a principal nação do mundo. Para ajudar a aumentar sua popularidade com o povo do Egito, Hatshepsut teve vários templos espetaculares e pirâmides erguidas. Algumas das altíssimas estruturas ainda hoje permanecem como uma lembrança da primeira governante real de uma nação civilizada. Ela realmente foi ” A Rainha mais Habilidosa de uma Antiguidade Distante” e permaneceu assim durante trinta e três anos.


TAHARQA
Rei de Nubia (710 – 664 A.C.)









Com dezesseis anos, este grande Rei de Nubia conduziu seus exércitos contra os assírios que invadiam seu aliado, Israel. Esta ação lhe deu um lugar na Bíblia (Isaias 37:9, 2 Reis 19:9). Durante os 25 anos de seu reinado, Taharqa controlou o maior império da África antiga. Seu poder só foi igualado pelos assírios. Estas duas forças sempre estavam em conflito, mas apesar da guerra contínua, Taharqa pôde iniciar um programa de construção ao longo do império que estava subjugando em extensão. Os números e a majestade de seus projetos eram legendários, com o maior sendo o templo a Gebel Barkal no Sudão. O templo foi escavado da pedra viva e enfeitado com imagens de Taharqa com mais de 100 pés de altura.



ANÍBAL
Dirigente de Cartago (247 – 183 A.C.)









Considerado um dos maiores generais de todos os tempos, Aníbal e seus poderosos exércitos africanos conquistaram as porções principais da Espanha e da Itália, e estiveram muito perto de derrotar o superpoderoso Império Romano. Nascido em Cartago, país ao norte da África, Aníbal tornou-se general do exército aos vinte e cinco anos. Seus audaciosos movimentos como marchar com o exército em elefantes africanos de guerra pelos Alpes traiçoeiros para surpreender e conquistar o norte da Itália, e seu gênio tático, foram ilustrados pela batalha de Cannas onde seu exército, aparentemente capturado, com inteligência cercou e destruiu uma força romana muito maior, lhe rendeu um reconhecimento que se expandiu por mais de 2000 anos.



CLEÓPATRA VII
Rainha do Egito (69 – 30 A.C.)








A mais famosa das sete matriarcas com este nome, Cleópatra subiu ao trono aos dezessete anos. A jovem rainha é freqüentemente retratada de forma errada como uma caucasiana (raça branca), porém ela tinha descendência grega e africana. Dominando vários idiomas diferentes e vários dialetos africanos, ela foi um importante instrumento além das fronteiras do Egito. Se esforçando para dar ao Egito a supremacia mundial, Cleópatra recrutou os serviços militares de dois grandes líderes romanos. Ela persuadiu Júlio César e, depois, Marco Antônio para renunciar as submissões romanas deles para lutar em nome do Egito. Porém, cada um conheceu a morte assim que os sonhos de conquistas de Cleópatra se realizaram. Desanimada, Cleopatra se matou, colocando um fim na vida da rainha africana mais célebre do mundo.



TENKAMENIN
Rei de Gana (1037 – 1075)









O país de Gana alcançou a altura de sua grandeza durante o reinado de Tenkamenin. Através de sua administração cuidadosa do comércio de ouro pelo deserto do Saara na África Ocidental, o império de Tenkamenin floresceu economicamente. Mas sua maior força estava no governo. Todo dia ele ia a cavalo e escutava os problemas e preocupações de seu povo. Ele insistiu que a ninguém fosse negada uma audiência e que lhes permitissem permanecer em sua presença até que a justiça fosse feita.



MANSA KANKAN MUSSA
Rei de Mali (1306 – 1332)








Líder extravagante e uma figura do mundo, Mansa Mussa se distinguiu como um homem que fez de tudo em uma grande escala. Homem de negócios realizado, ele administrou vastos recursos para beneficiar seu reino inteiro. Ele também era um estudante, e importou notáveis artistas para levantar a consciência da cultura de seu povo. Em 1324 ele conduziu seu povo no Hadj, uma peregrinação santa de Timbuktu para Mecca. Sua caravana consistia em 72,000 pessoas que ele conduziu seguramente pelo Deserto do Saara a uma distância total de 6,496 milhas. Tão espetacular era este evento, que Mansa Mussa ganhou o respeito de estudantes e comerciantes ao longo da Europa, e ganhou prestígio internacional por Mali como um dos maiores e mais ricos impérios do mundo.



SUNNI ALI BER
Rei de Songhay (1464 – 1492)








Quando Sunni Ali Ber chegou ao poder, Songhay era um pequeno reino no Sudão ocidental. Mas durante seu reinado de vinte e oito anos, esse reino se transformou no maior e mais poderoso império da África Ocidental. Sunni Ali Ber organizou um exército notável e com esta força feroz o rei guerreiro ganhou várias batalhas. Ele derrotou os nômades, aumentou as rotas de comércio, conquistou aldeias, e ampliou seu domínio. Ele capturou Timbuktu, trazendo para o império de Songhay um centro mais amplo de cultura de comércio, e bolsa de estudos muçulmano.

JA JA
Rei de Opobo (1464 – 1492)








Jubo Jubogha, filho de um membro desconhecido do povo Ibo, foi forçado a escravidão aos 12 anos, mas ganhou a liberdade ainda jovem e se tornou um comerciante independente (conhecido como Ja Ja pelos europeus). Ele tornou-se chefe de seu povo e da cidade oriental nigeriana de Bonny. Ele mais tarde se tornou rei de seu próprio território, Opobo, uma área perto do rio oriental da Nigéria, mais favorável ao comércio. Com o passar dos anos, governos europeus, principalmente o britânico, tentaram controlar o comércio da Nigéria. A resistência feroz de Ja Ja a qualquer influência externa acabou o levando ao exílio aos 70 anos pelos britânicos, para as Índias Ocidentais. O maior chefe Ibo do século XIX nunca mais viu seu reino.

MOSHOESHOE
Rei de Basutoland (1518 – 1568)








Por meio século, o povo de Basotho foi governado pelo fundador de sua nação. Moshoeshoe foi um rei sábio e justo que era brilhante em diplomacia quando estava em batalha. Ele uniu diversos grupos , desarraigados pela guerra, em uma sociedade estável onde a lei e a ordem predominaram e as pessoas puderam criar suas colheitas e seu gado em paz. Ele sabia que a paz tornava a prosperidade possível, e ele freqüentemente evitava conflitos através de hábeis negociações. Hoshoeshoe solidificou as defesas de Basotho em Thaba Bosiu, sua inconquistável capital montanhosa. Deste lugar seguro ele obteve várias vitórias sobre forças superiores.


IDRIS ALOOMA
Sultão de Bornu (1580 – 1617)








Dois séculos antes de Idris Alooma se tornar Mai (o Sultão) de Bornu, Kanem era uma terra separada onde as pessoas tinham sido expulsas por seus primos nômades, os Bulala. Isto fez com que um dos mais extraordinários governantes africanos reunisse os dois reinos. Idris Alooma era um muçulmano devoto. Ele substituiu a lei tribal pela lei muçulmana, e no começo de seu reinado fez uma peregrinação a Mecca. A viagem tinha um significado tanto militar como religioso, de onde ele retornou com armas de fogo turcas e depois comandou um exército inacreditavelmente forte. Eles marchavam rapidamente e atacavam de repente, esmagando tribos hostis em campanhas anuais. Finalmente Idris conquistou Bulala, estabelecendo domínio sobre o império de Kanem-Bornu e uma paz que durou meio século.



SHAMBA BOLONGONGO
Rei Africano da Paz (1600 – 1620)








Saudado como um dos maiores monarcas do Congo, o Rei Shamba não teve desejo maior do que preservar a paz, que é refletida em uma comum citação sua: “Não mate nenhum homem, nem mulher, nem criança. Eles não são as crianças de Chembe (Deus), e eles não têm o direito de viver? ” Ele freqüentemente viajava para aldeias distantes que usavam sua faca com lâmina de madeira, reconhecida como um meio exclusivo de armamento do estado. Shamba também era notável em promover artes e barcos, e por projetar uma forma complexa e extremamente democrática de governo que caracteriza um sistema de empecilhos e equilíbrios. O governo era dividido em setores que incluíam o exército, filiais judiciais e administrativas que representavam todas as pessoas de Bushongo.



OSEI TUTU
Rei Ashanti (1680 – 1717)








Osei Tutu foi o fundador e o primeiro rei da nação de Ashanti, um grande reino da floresta ocidental africana onde agora é Gana. Ele conseguiu convencer meia dúzia de chefes desconfiados a juntarem seus estados sob a liderança de Osei quando, de acordo com lenda, o Tamborete Dourado desceu do céu e permaneceu nos joelhos de Osei Tutu, significando sua escolha pelos deuses. O Tamborete Dourado se tornou um símbolo sagrado da alma da nação que estava especialmente destinada desde que o ouro era a principal fonte de riqueza de Ashanti. Durante o reinado de Osei Tutu, a área geográfica de Ashanti triplicou em tamanho. O reino tornou-se um poder significante que, com a coragem militar e sua política como um exemplo, se sustentaria durante dois séculos.



SHAKA
Rei dos Zulus (1818 – 1848)








Líder forte e inovador militar, Shaka é notável por revolucionar no 19º século a guerra Bantu pelo primeiro agrupamento de regimentos por idade, e treinando seus homens para usar armas unificadas e táticas especiais. Ele desenvolveu a ” azagaia “, uma lança curta, e marchou com seus regimentos em formação apertada, usando grandes proteções para se defender dos inimigos que lançavam lanças. Com o passar dos anos, as tropas de Shaka ganharam tal reputação que muitos inimigos fugiam. Com astúcia e confiança com suas ferramentas, Shaka tornou uma pequena tribo Zulu em uma nação poderosa de mais de um milhão de pessoas, unido todas as tribos da África do Sul contra o regime colonial.


KHAMA
O Rei Bom de Bechuanaland (1819 – 1923)








Khama distinguiu seu reinado como sendo altamente considerado como um governante pacífico com o desejo e habilidade para extrair inovações tecnológicas dos europeus enquanto resistia às tentativas deles para colonizar seu país. Tais avanços incluíram a construção de escolas, alimentos científicos para gado, e a introdução de um corpo de exército policial montado que praticamente eliminou todas as formas de crime. O respeito para Khama foi exemplificado durante uma visita a Rainha Victoria da Inglaterra para protestar contra a permanência inglesa em Bechuanaland em 1875. Os ingleses honraram Khama, confirmado seu apêlo para a continuação da liberdade para Bechuanaland.



SAMORY TOURE
O Napoleão Negro do Sudão (1830 – 1900)








O ascendência de Samory Toure começou quando sua terra natal Bissandugu foi atacada e sua mãe levada capturada. Depois de insistentes apelos, Samory teve permissão para assumir o lugar da mãe, mas depois fugiu e se alistou no exército do Rei Bitike Souane de Torona. Seguindo uma elevação rápida pelos graus do exército de Bitike, Samory voltou a Bissandugu onde logo foi instalado como rei e desafiou expansionismo francês na África lançando uma conquista para unificar a África Ocidental em um único estado. Durante o conflito de dezoito anos com a França, Samory continuamente frustrou os europeus com suas táticas e estratégias militares. Esta astuta coragem militar incitou alguns dos maiores comandantes da França para intitular o monarca africano de " O Napoleão Negro do Sudão ".



MENELIK II
Rei dos Reis da Abissínia (1844 – 1913)






Descendente da lendária Rainha de Sheba (ou Sabá) e do Rei Salomão, Menelik foi a figura principal naqueles tempos na África. Ele converteu um grupo de reinos independentes em um império forte e estável conhecido como os Estados Unidos de Abissínia (a Etiópia). O feito dele em reunir vários reinos que freqüentemente se opuseram fortemente uns aos outros, lhe deu um lugar como um dos grandes estadistas de história africana. As realizações adicionais dele na cena internacional lidando com os poderes mundiais, culminou com a vitória atordoante da Etiópia em cima da Itália em 1896 na Batalha de Adwa (uma tentativa para invadir o país) o colocou entre os grandes líderes da história mundial e manteve a independência do país até 1935.

Fontes: 30ealguns.com / Playhata.com

Postado por Valter Pitta às 14:36

África é o berço da inteligência humana

Sítio arqueológico de Blombos.

A cultura humana nasceu muito antes do que imaginávamos. E na África – não na Europa, como pensavam os estudiosos. Há 77 mil anos, os ancestrais do homem já eram capazes de fazer arte e pensar de forma abstrata. Prova disso são duas barras de argila colorida com desenhos geométricos encontradas no sítio arqueológico de Blombos, a 290 quilômetros da Cidade do Cabo, na África do Sul, em 2004. As descobertas foram feitas pela equipe do antropólogo americano Christopher Henshilwood, da Universidade de Nova York. “A presença de objetos entalhados de gravuras significa que as habilidades de aprendizagem e a capacidade para o pensamento abstrato estavam presentes entre aqueles homens”, diz. “Essa aptidão para o armazenamento de informações fora do cérebro humano é entendida como cultura, como inteligência.”

Os novos achados refutam a teoria de que o despertar da cultura humana teria ocorrido na Europa, conforme sugeriam pinturas rupestres encontradas em grutas na França, em lugares como Lascaux (a descoberta foi em 1940), Chauvet (em 1994) e Cussac (em 2004), além de Altamira, na Espanha (ocorrida em 1868) – todos esses desenhos encontrados na Europa não têm mais do que 35 mil anos. “Isso indica que o povo africano, de quem nós todos descendemos, era moderno em suas atitudes muito antes de eles chegarem à Europa e substituírem os neandertais”, afirma Henshilwood.

Jóia é sinal de cultura



Jóias descobertas na caverna em Blombos.


Stefan Gan
Fabricar jóias é um sinal de aprendizagem. Isso foi levado em conta pela equipe de Christopher Henshilwood como um dos sinais de que a África foi realmente o berço da inteligência. No mesmo sítio arqueológico de Blombos, os cientistas encontraram 41 peças que acreditam terem sido usadas como ornamentos pessoais. Elas têm 75 mil anos e eram feitas com as conchas de um molusco que habita a região, o Nassarius kraussianus.
Os objetos têm perfurações e marcas de uso. Até então, as jóias mais antigas já encontradas eram mais recentes: tinham cerca de 50 mil anos. “As conchas eram usadas como jóias, símbolos de troca e também para identificação de algum grupo específico. Isso tudo indica que, há 75 mil anos, já existiam formas de os homens se comunicarem uns com os outros”, afirma Henshilwood. “Portanto, podemos dizer que a linguagem humana já estava desenvolvida.”

Racionais

Geometria esperta

Os desenhos geométricos encontrados nas duas peças de argila em Blombos são uma série de losangos. Os pesquisadores só os consideraram manifestações de inteligência porque não são simples rabiscos, e sim símbolos de pensamento abstrato.

Conchas reveladoras

As conchas encontradas em Blombos também serviam como parte de um sistema de troca de presentes conhecido como hxaro. Se uma seca provocasse escassez em uma tribo, esse grupo mudava-se para o território de outro, onde encontrava auxílio com quem tinha estabelecido laços hxaro.

Livro velho

A corrida pelos vestígios humanos mais antigos do mundo é acirrada. O livro O Despertar da Cultura, de Richard Klein e Stanley Ambrose, recém-publicado no Brasil, já chega por aqui velho. O livro relata a descoberta pelos dois de jóias de 50 mil anos na África. Os achados em Blombos os deixaram para trás.

.:: Revista Avesturas na História
Postado por Valter Pitta às 21:50
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terça-feira, 6 de julho de 2010

MULHERES NEGRAS NA HISTÓRIA - ATUALIDADE

Benedita da Silva

Nasceu no dia 11 de março de 1942, no hospital Miguel Couto - RJ, filha da lavadeira Maria da Conceição e do pedreiro, e lavador de carros José Tobias, na época moradores da favela da praia do Pinto, no Leblon. Esta favela foi destruída por um incêndio nos anos 60, e deu lugar ao Condomínio Residencial Selva de Pedra.

Bené, então recém nascida foi morar no morro chapéu Mangueira, no leme. Com 14 irmãos, tinha que trabalhar para ajudar no sustento da família: vendeu limão e amendoim, trabalhou em fábricas e entregava roupas para sua mãe.Em 1965 foi indicada para representar o bairro de Copacabana num concurso de mulheres sambistas, promovido pela prefeitura da cidade, tendo sido eleita a miss IV Centenário, em comemoração ao aniversário da cidade.Na década de 60, converteu-se à religião protestante, sendo devota da igreja Assembléia de Deus. Na década de 60 e 70, durante o período de ditadura militar, Bené juntou-se à outras mulheres do Chapéu Mangueira para pedir melhores condições de vida à comunidade favelada, e começaram a interpelar as ações da polícia no lugar, fundaram então o departamento feminino da Associação de moradores do Chapéu mangueira.Em 1975, aquela pioneira organização de mulheres faveladas articulou-se com o Centro da Mulher Brasileira para desenvolver um trabalho em conjunto, mulheres do morro e mulheres da classe média carioca.Benedita da Silva, conciliando trabalho e estudo, graduou-se em serviço social no ano de 1982. Viúva, casou-se com Agnaldo Bezerra dos Santos - O BOLA - importante líder comunitário que morreu em 1988.Articulada ao Movimento de Mulheres, ao Movimento negro e aos Movimentos de Favelas, Benedita elegeu-se vereadora nas eleições municipais de 1982, através do PT - Partido dos Trabalhadores. A partir daí Benedita da Silva entrou para a história ao ser eleita a primeira mulher negra a ocupar vagas no legislativo brasileiro, vereadora, deputada federal, deputada constituinte, Senadora Federal, Vice-Governadora do Estado do RJ, em 1998 e recentemente foi Ministra de Estado.É de sua autoria o projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos Heróis nacionais, fazendo do dia 20 de novembro o "Dia Nacional da Consciência Negra".


Fonte:
Dicionário Mulheres do Brasil - de 1500 até a atualidade Biográfico e ilustrado. Jorge Zahar editor, 2000.









Elisa Lucinda

Nascida em dois de fevereiro, em Vitória do Espírito Santo, jornalista, professora, poeta e atriz. Reconhecida por seus espetáculos, recitais e workshops apresentados no Brasil e exterior; por seus trabalhos na área de recursos humanos junto a diversas empresas e instituições como Petrobrás, Banco Real e por seus trabalhos na televisão; onde recentemente viveu a cantora Pérola em "Mulheres Apaixonadas", novela de Manoel Carlos no horário nobre na Rede Globo; e no cinema, como protagonista ao lado da amiga e atriz Zezé Polessa, no filme "Alegres comadres" lançado no Festival BR de Cinema 2003.

Elisa, recém-chegada de sua turnê de recitais em Barcelona, ainda mantém a "Escola Lucinda de Poesia Viva" no Rio de Janeiro, onde ensina interpretação teatral da poesia seguindo o lema: 'Falando poesia sem ser chato'. A notável Capixaba vem ao longo de sua carreira presenteando o público com seu jeito peculiar e natural de falar poesia sem representar o verso mas apresentando as emoções que as palavras podem proporcionar...
compartilhe com Elisa Lucinda de seus versos!
Brindemos à vida!

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LIBAÇÃO

É do nascedouro da vida a grandeza. É da sua natureza a fartura a proliferação
os cromossomiais encontros, os brotos os processos caules, os processos sementes
os processos troncos, os processos flores, são suas mais finas dores
As conseqüências cachos, as conseqüências leite, as conseqüências folhas
as conseqüências frutos, são suas cores mais belas
É da substância do átomo
ser partível produtivo ativo e gerador
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza
É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos
nossos fatos apinhados de pequenezas,
cabe a nós enchê-la, cheio que é o seu princípio
Todo vazio é grávido desse benevolente risco
todo presente é guarnecido do estado potencial de futuro
Peço ao ano- novo
aos deuses do calendário
aos orixás das transformações:
nos livrem do infértil da ninharia
nos protejam da vaidade burra da vaidade "minha" desumana sozinha
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que ao nos aumentar nos amesquinha

A vida não tem ensaio
mas tem novas chances
Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!
Abaixo o estéril arrependimento
a duração inútil dos rancores
Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frente
e a virgindade dos dias que virão!

Elisa Lucinda
Rio, 18 de dezembro de 1997.
Do livro "Eu te Amo e Suas Estréia"

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Principais trabalhos:
- Televisão: Kananga do Japão (manchete); A Escrava Anastácia (Manchete); Sangue do meu sangue (SBT); Mãe de Santo (Manchete); Araponga (Globo); Você Decide (Globo) e o seriado "Mulher" (Globo). Novela de Manoel Carlos "Mulheres Apaixonadas" (Rede Globo).

- Cinema: A Fábula da Bella Palomeira (Ruy Guerra); A Morte da Mulata (Marcel Cordeiro); Gregório de Mattos (Ana Carolina); Seja o que Deus quiser - Murilo Sales; A Causa Secreta - Sergio Bianchi; O Testamento do Senhor Napomuceno (produção luso-brasileira - Francisco Manso); Terra de Deus (Iberê Cavalcante); Referência - Ricardo Bravo; As Alegres Comadres - (Leila Hipólito);

- Teatro: Rosa, um Musical Brasileiro e Causa da Liberdade, ambos sob direção de Domingos de Oliveira); Bukowsky, Bicho Solto no mundo (direção de Ticiana Stuart); A Serpente (Waldez Ludwick); Crioula (musical sob direção de Stella Miranda),Charles Baudelaire, Minha Terrível Paixão.(Adaptação : Elisa Lucinda - Direção de Luiz Pillar)

- Os monólogos: A Hora Agá / Pode Café / O Mar não tá pra Preto / Há uma na Madrugada / Coisa de Mulher / Sem Telefone mas com Fio / Te Pego pela Palavra / Aviso da Lua que menstrua / Dona da Frase / Luz do Só / Sósias dos Sonhos / O Semelhante / Capixabaéchique / Euteamo, Semelhante/ Parem de Falar Mal da Rotina.

Os Livros:
- A Lua que menstrua - Produção independente
- Sósia dos sonhos - Produção independente
- Semelhante - Ed. Record 1a ed. em 1995
- Eu te amo e suas estréias - Ed. Record - lançado em 1999
- A Menina Transparente - Ed. Salamandra;
- "Coleção Amigo Oculto" - Ed. Record. Composta pelos livros:
- órfão famoso - 2002
- Lili, a rainha das escolhas - 2002
- menino inesperado - 2002
- 50 Poemas Escolhidos pelo Autor/ - Edições Galo Branco - 2004


Os Cds de Poesia:
- "O Semelhante" - Rob Digital - nas vozes de Elisa Lucinda, Zezé Polessa, Paulo José, Mauro Salles e Juliano, filho da poeta). Lançado em 1998

- "Euteamo e suas estréias" - Rob Digital - nas vozes de Elisa Lucinda, Marília Pêra, Marília Gabriela, Irene Ravache, Alessandra Negrini, Zeca Baleiro e José Ignácio Xavier (marido da poeta). Lançado em 2001


Treinamento na área de Recursos Humanos :
IBM, Bahiasul, Banco Real, Petrobrás, Fiocruz, Clínica São Vicente, Conarh, ABRH, Grupo Gife, Ministério da saúde, Ministério da Educação, Secretarias de estados e municípios, Prefeituras de São Paulo, Santo André, Porto Alegre, Vitória, São João Del Rei, Salvador e outras.


Carreira Internacional:
Tournées anuais: México, Cuba, Argentina, Canadá, Espanha, Holanda, Portugal, Croácia, Moçambique e Cabo Verde.

Fonte:
Poesia Viva Produções






Mãe Beata de Iyemonjá

BEATRIZ MOREIRA COSTA, nascida em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira do Paraguaçu, Recôncavo Baiano, filha de Maria do Carmo e OscarMoreira, utiliza-se da mãe e do pai como exemplos de vida.


"Minha mãe chamava-se do Carmo, Maria do Carmo. Ela tinha muita vontade de ter uma filha. Um dia, ela engravidou. Acontece que, num desses dias, deu vontade nela de comer peixe de água doce. Minha mãe estava com fome e disse: 'Já que não tem nada aqui, vou para o rio pescar.' Ela foi para o rio e, quando estava dentro d'água pescando, a bolsa estourou. Ela saiu correndo, me segurando, que eu já estava nascendo. E eu nasci numa encruzilhada. Tia Afalá, uma velha africana que era parteira do engenho, nos levou, minha mãe e eu, para casa e disse que ela tinha visto que eu era filha de Exu e Yemanjá. Isso foi no dia 20 de Janeiro de 1931. Assim foi o meu nascimento.”

Sua mãe, mulher negra trabalhadora, mas de saúde frágil, legou à sua filha grande respeito à pessoa humana e seu pai, Oscar, a característica de saber lidar com as ferramentas do trabalho e da vida.

Na década de 50 Beatriz muda-se para a cidade de Salvador, ficando sob os cuidados de sua tia Felicíssima e seu marido, Anísio Agra Pereira (Anísio de LogumEde, babalorixá) , na Avenida Ribeiro dos Santos na Sete Portas. Durante dezessete anos, Beata (como é conhecida desde a infância) foi abian de seu tio, que posteriormente falece levando-a a procurar Mãe Olga do Alaketu, que a inicia no candomblé para o orixá Iemanjá no terreiro Ilê Maroia Laji (Alaketu – Salvador).

Mulher que mesmo presa a princípios tradicionais em razão da influência de uma família patriarcal torna-se de vanguarda ao fazer cursos de teatro amador e participar de grupos folclóricos. Casa-se com Apolinário Costa, seu primeiro namorado, com quem teve quatro filhos, Ivete, Maria das Dores, Adailton e Aderbal Moreira Costa. Sua mãe Maria do Carmo antes de falecer tutela a filha a sua yalorixá , Olga do Alaketu.

Em 1969 Biata separa-se de seu marido e migra para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida para ela e sua prole, história comum a tantas outras mulheres negras nordestinas, o sonho da cidade grande.

Sem apoio da família consangüínea, é na família-de-santo que encontra acolhimento, a história se repete no sentimento de resistência do quilombo contemporâneo que reconstrói a auto-estima desta mulher negra.

Para as famílias tradicionais da Bahia da época, mulher separa era mulher de ninguém, ainda mais com quatro filhos. Canta-se um samba, um samba-de-roda baiano que “samba bom é de madrugada, mulher sem homem não vale nada”, por certo não se enquadrava nesse perfil a figura dessa mulher ímpar.

Cria seus filhos com muita dificuldade, porém de modo digno, exercendo várias funções para prover o sustento próprio e dos filhos, como empregada doméstica, costureira, manicure, cabeleireira, pintora e artesã.

Com todas essas atividades e uma jornada árdua de mulher negra nordestina e separada, estigmas fortes para a época, não esquece seus laços religiosos, atuando em várias comunidades de terreiro no Rio de Janeiro mantendo e preservando sua descendência ancestral religiosa negra.

Começa a trabalhar como figurante na Rede Globo de Televisão, atividade resultante de contatos já existentes em Salvador, onde participou da novela “Verão Vermelho”, filmada na referida cidade. Logo após, consegue trabalho como costureira na mesma empresa, onde se aposenta e mantêm contatos com amigos até os dias de hoje.

Entre as décadas de 70 e 80 Biata faz várias viagens a Salvador para cumprir seus deveres religiosos com a Casa de Candomblé na qual foi iniciada, visto que, mesmo atuando religiosamente em casas de parentes religiosos no Rio de Janeiro, seu cordão umbilical estava preso à sua casa matriz, precisava saciar sua sede na fonte.

Durante este espaço de tempo a yalorixá, Olga do Alaketu, tem importância fundamental em sua vida, aconselhando e acolhendo a filha que lhe foi tutelada pela mãe biológica, a figura da mãe ancestral se faz presente. Ao entregar Biata à Olga, Maria do Carmo dá o sentido de continuidade a figura maternal, a mãe africana que acolhe e sustenta seus filhos, característica ainda hoje preservada nas comunidades religiosas de matriz africana.

Em 20 de abril de 1985 Mãe Olga do Alaketu vem ao Rio de Janeiro outorgar a sua filha o direito de ser chamada de “Mãe”, mais uma vez o ciclo se repete, o Ilê Omi Oju Arô (Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi) casa em que Mãe Biata passa a ter o cargo de yalorixá. Transmite à comunidade de forma natural toda essa experiência de luta, absorvida facilmente por todos, dando início à participação ativa em discussões sobre questões raciais, sociais e políticas, tendo maior atuação nas questões de gênero, com enfoque principalmente sobre as mulheres negras.

Assim como Biata recebe de seu pai e de sua mãe ensinamentos de vida, ela consegue propagar á sua comunidade religiosa os mesmos princípios. O Ilê Omi Oju Arô, comunidade na qual Biata é sacerdotisa suprema, atua em diversas frentes sociais: religião e saúde, luta contra qualquer forma de discriminação e contra a intolerância religiosa, cultura da paz, acesso à educação, ações afirmativas, saúde da população negra, movimento de diálogo inter-religioso, direitos humanos, movimento de mulheres negras e movimento negro.


Vejamos agora em detalhes a atuação dessa líder religiosa:

ATIVIDADES RELIGIOSAS E SOCIAIS
1985 – Fundação da Comunidade de Terreiro Ilê Omi Ojú Arô (Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi) de Beata de Iemanjá, pela sua Yalorixá Mãe Olga do Alaketu, em 20 de abril, no bairro de Miguel Couto, Nova Iguaçu;

1987 – Sedia em sua Comunidade de Terreiro o Terceiro Encontro Regional da Tradição dos Orixás, em 15 de novembro.

1989 – Sedia em sua Comunidade de Terreiro o Décimo Encontro Regional das Religiões Afro-brasileiras em 28 de novembro.

1991 – Recebe da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro moção honrosa e congratulação pela militância e resistência da Cultura, Religião, Cidadania e Dignidade da população Afro-brasileira. Recebe em 20 de novembro Diploma de Personalidade de Destaque da Comunidade Negra no mandado do Deputado Estadual Marcelo Dias no Rio de Janeiro.

1992 – Fórum Global – 92 - participa como cicerone e mentora religiosa no Encontro Mundial pela Paz – RJ. Inicia o Projeto Social Ação e Viver em 18 de maio – viabilizando a participação de jovens carentes da região e integrando-os á Comunidade de Terreiro. Miguel Couto, Nova Iguaçu. Recebe em 13 de maio Diploma de Honra ao Mérito da Prefeitura do Município de Belford Roxo – RJ.

1994 – Realiza no Ilê Omi Oju Arô dentro do Projeto Ação e Viver o Fórum de Debates “Cidadania x Violência”. Miguel Couto, Nova Iguaçu.

1998 – Inicia em julho no Ilê Omi Oju Arô o Projeto Comunidade Solidária do Governo Federal, capacitando profissionalmente na área de informática vinte e cinco jovens carentes da região e integrando-os à Comunidade de Terreiro. Promove em dezembro na sua Comunidade de Terreiro a campanha “Natal sem fome” com distribuição de roupas, brinquedos e cestas básicas à população carente da região.

1999 – Inicia em março a segunda turma do Projeto Comunidade Solidária capacitando profissionalmente jovens carentes da Baixada Fluminense. Miguel Couto, Nova Iguaçu. Realiza oficinas de percussão para jovens de Comunidade de Terreiro da Baixada Fluminense. Miguel Couto, Nova Iguaçu.

2000 – Comemora quinze anos da fundação de seu Terreiro intensificando as atividades sócio-culturais. Abril, Miguel Couto – Nova Iguaçu. Lançamento do Cd “Cantigas de Orixás”. Abril, Miguel Couto – Nova Iguaçu. Realização de oficinas de candomblé para não iniciados, universidades, escolas públicas, eventos culturais e turísticos. Abril, Miguel Couto – Nova Iguaçu.

2001 – Abertura do Rock in Rio, tenda por um mundo melhor.

2002 – Parceria com o Projeto Ató Ire – Saúde dos Terreiros. Parceria com a Ong Criola, que desenvolve projetos para mulheres negras. Lançamento do Projeto Oku Abo. Parceria com a Secretaria de Cultura de Nova Iguaçu. Recebe o Prêmio Orilaxé, do Afro Reggae. Rio de Janeiro.

2004 – Implanta em sua Comunidade de Terreiro o “Projeto Acelera Jovem” em parceria com o Viva-Rio, voltado para jovens entre 15 e 25 anos que ainda não completaram o ensino fundamental. Outubro, Miguel Couto – Nova Iguaçu. 2004 – Recebe o Prêmio Ossain. Novembro, Rio de Janeiro. 2004 – Participa da peça “Olhos D'água”, de autoria de Ismael Ivo que retratava a discriminação racial através das vivencias de três atrizes negras, uma delas Mãe Biata. Casa da Cultura de Berlim, Alemanha.

2005 – Recebe a Medalha de Mérito Cívico Afro-brasileiro, homenagem conferida pela Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. Maio, São Paulo.

2007 - Mãe Biata de Iyemonjá recebe o prêmio Bertha Lutz no Senado Federal.

OBRAS PUBLICADAS
1997 – Lança em 30 de abril o seu livro de contos “Caroço de Dendê, Sabedoria dos Terreiros” - RJ.

2000 – Lança “Tradição e Religiosidade”, in O livro da saúde das mulheres negras.Org. Jurema Werneck. Rio de Janeiro.

2005 – Publica em o livro “As histórias que minha avó contava” – RJ


ENCONTROS, SEMINÁRIOS E CONGRESSOS
1988 – Conferência Estadual da Tradição dos Orixás – Debates Ecumenismo e Cultos Afros. Maio, Rio de Janeiro.

Encontro da tradição dos Orixás, Religiões Afro-Brasileiras e seus Adeptos. Setembro, Rio de Janeiro.

1991 – Feira do Livro Afro-brasileiro – Seminário Xangô, o mito herói africano no Brasil. Outubro, Rio de janeiro.

1992 – Seminário “Planeta Fêmea Ética e Espiritualidade: Mulher e sagrado no século XXI”. Junho, Rio de Janeiro.

Encontro “Médicas, bruxas e curandeiras ”. Outubro, Tibá Bom Jardim – Rio de Janeiro.

1994 – Simpósio sobre Cultura e Religiosidade. Setembro, Berlim – Alemanha.

Semana da Cultura Brasileira – Outubro, Berlim – Alemanha.

Religião e Resistência Cultural – Outubro, Berlim – Alemanha.

1995 – Seminário Ervas Medicinas como Terapia. Novembro – Rio de Janeiro.

Pot-pourrit de Saúde – Folhas, Fé e Cura. Novembro - Rio de Janeiro.

300 Anos de Zumbi – Memórias de Resistência. Novembro – Rio de Janeiro.

1996 – Vigília Inter-religiosa de Oração pela Paz e pela Vida. Outubro – Minas Gerais.

1997 - Seminário A Comunidade Afro-brasileira e a Epidemia do HIV (AIDS). Julho, Rio de Janeiro.
Seminário em homenagem a Paulo Freire. Julho, Rio de Janeiro.
Feira de Exposição Afro-esotérica do Rio de Janeiro. Setembro.
Seminário Superando o Racismo. Outubro, São Paulo.
Seminário Candomblés Ontem e Hoje. Outubro, São Paulo.
Jornada Lélia Gonzalez. Dezembro, São Luiz – Maranhão.
1998 – Fórum Espiritual das Religiões Mundial. Julho, São Francisco – Califórnia/EUA.
Seminário Internacional: Rota dos Escravos. Agosto, Brasília / DF.
Seminário African Amerindian Performances From Brazil . Novembro, Nova Iorque/EUA.
2002 – 1º Simpósio Internacional de Contadores de História. Maio, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ.
2004 – Fórum Cultural Mundial – Seminário A Casa Brasil África. Agosto, São Paulo.
2005 – IV Seminário Nacional Religiões Afro-Brasileiras e Saúde. Abril, Belém do Pará.
Encontro com o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, em conjunto com mais quatro yalorixás para defender a constitucionalidade das cotas para a população negra na UERJ. Abril, Brasília/DF.
Encontro com o Procurador Geral da República, com o objetivo de reivindicar a implementação da Lei 10.639-03, que determina o ensino da História e Cultura Afro-brasileira nas escolas nacionais. Abril, Brasília/DF.
Encontro com a ministra Nilcéia Freire para a exposição das necessidades das mulheres integrantes das Comunidades de Terreiro. Abril, Brasília/DF.
Seminário Promoção da Igualdade Racial no Mercado de Trabalho. Abril, Brasília/DF.
2005 – Primeira Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial. Julho/agosto, Brasília/DF.
2005 – Congresso Internacional de Tradição e Cultura Iorubá. Agosto, Uerj.
Sacerdote supremo do candomblé origem ketu-iorubá.
Pessoa que ainda não passou pela iniciação no candomblé.
Sacerdotisa suprema do candomblé de origem ketu-iorubá.






Mãe Meninazinha de Oxum


BREVE HISTÓRICO:

Maria do Nascimento - Iyalorixá da Sociedade Civil e Religiosa do Ilê Omolu Oxum. Nasceu, em Ramos, no Rio de Janeiro, no dia dezoito de agosto de 1964. Filha de Maria da Luz do Nascimento e Luiz Pedro do Nascimento. Neta de Davina Maria Pereira.


Ilê Omolu Oxum - A comunidade-terreiro Ilé Omolu Osùn instalou-se em São Matheus, em 1968, dando continuidade à Casa-Grande de Mesquita, primeira comunidade-terreiro de candomblé a fixar-se na Baixada Fluminense (1937). A Casa-Grande de Mesquita, que primeiramente funcionou na Rua Barão de São Félix, na Saúde, foi uma das primeiras comunidades-terreiro, de que se tem notícia, estabelecida na cidade do Rio de Janeiro, à época de João Alabá (pai-de-santo de Tia Ciata e Carmen do Xibuca). Sua importância deve-se ao fato de muito bem representar os vínculos criados entre líderes religiosos e tradicionais famílias baianas e cariocas, ainda no princípio do século; fator determinante para a criação de uma música urbana carioca, o samba.

A importância do Ilê Omolu Oxum deve-se ao fato deste ter abrigado, após o fechamento de Mesquita, parte dos filhos-de-santo lá iniciados, sendo portanto, juntamente com a Casa de Seu Rui, as duas únicas comunidades-terreiro de candomblé que hoje dão continuidade à Casa de João Alabá.


Sobre os projetos sociais - Em 1988, a comunidade-terreiro Ilé Omolu Osùn constituiu-se numa sociedade civil, a Sociedade Civil Religiosa Ilé Omolu Osùn, com a finalidade de organizar um núcleo administrativo que possibilitasse a representação jurídica da comunidade-terreiro frente aos órgãos governamentais e não-governamentais.

Essa representação tem como intuito validar a implantação de projetos em prol do desenvolvimento social, cultural, econômico e político da região onde a comunidade-terreiro está instalada, bairro de São Matheus, município de São João de Meriti (a comunidade-terreiro foi uma das primeiras construções erguidas na localidade).

Sua intenção é transformar o papel meramente religioso da comunidade-terreiro em prol de uma representação mais eficaz na disseminação do acesso à (in)formação entre a população da região - tanto do terreiro quanto do entorno, populações estas que se somam.

Ao longo desse anos, a Sociedade realizou os seguintes projetos: criação de um consultório médico, que oferece os serviços de clínica geral e ortopedia gratuitos, atendendo a cerca de 10 pessoas duas vezes por semana, totalizando atendimento de 40 pacientes/mês - conta ainda com a colaboração do PU para a realização de exames complementares; consultório de psicologia, com atendimento uma vez por semana; atendimento jurídico, uma vez por semana; exibição mensal de filmes (16 mm) e vídeos - ficção e documentário - que tratam os seguintes temas: relações raciais e de gênero, sociedade e cultura afro-brasileiras, religião, meio-ambiente, etc; distribuição de cestas básicas; implantação de um núcleo de pesquisa e documentação sobre sociedade e cultura afro-brasileiras - Memorial Iyá Davina -, que abriga exposição permanente de fotografias e objetos, biblioteca e videoteca, inscrito nas leis de incentivo à cultura estadual e federal; e a realização dos seguintes cursos: curso de yorubá, artesanato (fabricação de cartões em papel vegetal), corte e costura, introdução à técnica do richilieu, culinária e, por fim, os de marcenaria e ladrilharia, bem como, culinária, dentro do Projeto de Capacitação Profissional para Jovens em Risco Social do Programa Comunidade Solidária.

Dessa forma, a Instituição firma-se hoje como um centro de capacitação social reconhecido pela (e, por isso, referência para a) comunidade.

Sobre Iyá Davina - Iyá Davina foi a primeira filha-de-santo de Procópio Xavier de Souza, mais conhecido como Procópio d'Ogum. O número de iniciadas, além da famosa feijoada anual oferecida a Ogum - patrono do terreiro -, que mais tarde ficou conhecida como "feijão do Procópio", bastante contribuiram para o recohecimento do terreiro. Donald Pierson, cita mesmo uma festa com mais de quatrocentos espectadores no Ilê Ogunjá [cf. Pierson, Brancos e Pretos na Bahia]. Outro fator fundamental para o seu reconhecimento foi o fato de ter participado da legitimação do candomblé, durante o Estado Novo, momento de intensa perseguição às religiões afro-brasileiras, tendo seu terreiro sido invadido pelo famoso delegado de polícia Pedrito Gordo, e Procópio sido preso. Tal acontecimento - caso Pedrito - registrou o nome de Procópio na história popular baiana, chegando mesmo a fazer parte de uma letra de samba-de-roda:

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"Procópio tava na sala,
Esperando santo chegá,
Quando chegou seu Pedrito,
Procópio passa pra cá.

Galinha tem força n'asa,
O galo no esporão,
Procópio no candomblé
Pedrito no facão".
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Caso que conferiu-lhe notórias citações em obras de ficção - Tenda dos Milagres é um bom exemplo -, quanto em produção bibliográfica científica - O candomblé da Bahia [Roger Bastide], Orixás [Pierre Verger], etc.

Davina Maria Pereira nasceu no ano de 1880 na cidade de Salvador - BA. No dia 24 de julho de 1910, foi iniciada por Procópio Xavier de Souza, Procópio d'Ogun, no Ilê Ogunjá, situado no Baixão, antigo Matatu Grande, em Salvador. Filha de Omolu e Oxalá, muda-se, ainda na década de 1910, para a cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu marido, Theophilo Pereira, ogã do Ilê Ogunjá. Possuíra, no bairro da Saúde, residência na qual abrigará inúmeros conterrâneos de mudança para o Rio, ficando popularmente conhecida como Consulado Baiano. Já nesta época, existia no Rio de Janeiro, um famoso terreiro de candomblé, situado na Rua Barão de São Félix, 174, dirigido pelo renomado pai-de-santo João Alabá. A este, Iyá Davina irá se ligar. Alguns historiadores dizem que tal terreiro foi fundado com a ajuda de Rodolfo Martins de Andrade, Bamboxê Obitikô. João Alabá foi iniciado na Bahia (desconhece-se em qual terreiro). Cultuava grande amizade com tradicionais sacerdotes baianos, entre estes, Joaquim Vieira da Silva, Tio Joaquim. Em sua casa foram iniciados Carmem do Xibuca e mebros de sua família, assim como da família de Tia Ciata [de sobrenome Jumbeba]. Com o falecimento de João Alabá (1924), verifica-se o fechamento da casa da Rua Barão de São Félix. Dona Pequena d'Oxaguian e seu marido Vicente Bankolê herdam os assentamentos de Alabá, e com a ajuda de Iyá Davina, criam a Sociedade Beneficiente da Santa Cruz de Nosso Senhor do Bonfim, primeiramente instalada em Bento Ribeiro, e posteriormente transferida para Mesquita, Nova Iguaçu [1931]. Com o falecimento de Tia Pequena, Iyá Davina se tornará a última Iyalorixá da Casa-Grande de Mesquita, que foi a primeira roça de candomblé a instalar-se na Baixada Fluminense.

Iyá Davina participará da fundação de inúmeros terreiros no Rio de Janeiro, entre estes: o Bate-Folha de João Lessengue, o Axé Opô Afonjá de Mãe Agripina , além de manter estreitas relações com outros terreiros estabelecidos na cidade, entre os quais citamos: o Terreiro de São Gerônimo e Santa Bárbara, da falecida Iyalorixá Senhorazinha. Fato que bem ilustra os vínculos criados entre migrantes baianos e cidadãos cariocas, determinante para a criação, preservação e manutenção de novos e velhas tradições culturais, entre estas o samba.

Após o falecimento de Iyá Davina, sua neta e herdeira espiritual, Meninazinha d'Oxum, Mãe Naná, com a ajuda dos integrantes mais velhos da Casa-Grande de Mesquita, transfere-se para a localidade da Marambaia, distrito de Tinguá, Nova Iguaçu - RJ, onde funda a Sociedade Civil e Religiosa Ilê Omolu Oxum. Por lá, o ilé egbè permanceu até a década de 70, quando transfere-se, definitivamente, para o bairro de São Matheus, em São João de Meriti - casa onde ainda hoje reside. O cargo de Iyalorixá lhe foi atribuído antes mesmo do nascimento, pelo orixá de sua avó, Omolu. Pela avó, foi preparada para substituí-la à época de seu falecimento. O que, também, lhe renderá as mais diversas citações na produção bibliográfica sobre antropologia das religiões afro-brasileiras (ver: Os Candomblés Antigos do Rio de Janeiro [Agenor Miranda], Faraimará-O Caçador traz Alegria: Mãe Stella 60 Anos de Iniciação, La Quête de L'Afrique dans le Candomblé au Brésil [Stefania Capone], etc.

Sobre o Memorial Iyá Davina - o Memorial Iyá Davina é o primeiro centro de preservação de memória no distrito de São Matheus, Município de São João de Meriti, município fluminense que concentra o maior contingente percentual da população negra do Estado do Rio de Janeiro, constituindo-se num canal de preservação e reconstrução da memória histórica das religiões afro-brasileiras, de seus personagens integrantes ou, mais especificamente, de uma parte da história da cultura e sociedade brasileiras.


Algumas considerações sobre Mãe Meninazinha d'Oxum
e sobre seus empreendimentos

"Da Bahia para o Bairro Saúde, da Saúde para a Baixada: Iyá Davina percorreu o roteiro da implantação do candomblé da Bahia em terras fluminenses. Sua neta de sangue e filha de santo Meninazinha faz da casa de São Matheus um pólo irradiador de atendimento à comunidade e de divulgação da religião dos orixás. Heranças ampliam-se, laços se multiplicam. No mundo dos homens, tradições se entrelaçam.

Omolu, Rei dos Senhores da Terra, dono da cabeça de Davina, deu o nome no dia 24 de julho de 1910 - dia em que Xangô é festejado em todos os terreiros -, na casa de Procópio de Ogunjá. Oxum, mãe benevolente, alegria do sangue das mulheres fecundas, dona da cabeça de Meninazinha, deu o nome no dia 10 de julho de 1960. Cinqüenta anos de distância nada são no tempo infinito dos orixás.

"Minha mãe quando estava grávida, já sabia que vinha uma menina que, mais cedo ou mais tarde, teria de fazer o santo para herdar o cargo da minha avó." É pela medição dos sacerdotes e sacerdotisas que se expande o axé. A tradição oral transmite a memória do sagrado. No tempo dos homens, é preciso que haja o registro de documentos e organização de acervos para que seja facilitado o acesso dos leigos à cultura afro-brasileira. O Memorial Iyá Davina cumpre essa função de mediação entre tempos antigos e tempos de hoje, entre estudiosos de fora e gente de santo, entre terreiro e sociedade mais ampla. Assim como o Ilê Omolu Oxum assegura a manutenção das tradições, e desenvolve importante papel social em meio à comunidade". [Monique Augras, Professora-Titular da PUC-RJ]

"Mãe Naná [Meninazinha], detentora de um axé, isto é, iyalaxé de um dos terreiros mais tradicionais do Rio de Janeiro e que por tradição é descendente de várias origens que a própria hospitalidade nagô privilegia.

Ponto de referência da aristocracia nagô dos que aqui chegaram, no Rio de Janeiro, hoje representa ainda este ponto de união, cortesia e sabedoria.

Este museu é o primeiro no Rio de Janeiro que conta um pouco da história afro-brasileira e que necessariamente, por todos os atributos desse axé, é altamente representativo.

Axé a todos os organizadores e, em especial, a Mãe Meninazinha, querida e respeitada por todos" [José Flávio Pessoa de Barros, Professor-Titular da UFRJ e da UERJ]

"A palavra "memorial" aplicada a uma personalidade eminente do universo afro-brasileira é, por si mesma, auspiciosa. Sabemos que os caminhos da memória publica ou oficial no Brasil costumam excluir as personagens de destaque das classes economicamente subalternas, mais que, no entanto podem dispor de recursos simbólicos excepcionais. O patrimônio dos cultos afro-brasileiros é um bom exemplo. Revaloriza-lo memorialisticamente é acentuar a continuidade institucional centrada na dinâmica de construção de uma identidade para o escravo e seus descendentes, esses que formaram ao longo dos séculos a base da população brasileira. Iyá Davina é, assim, ancestral, a ser devidamente cultuado". [Muniz Sodré, Professor-Titular da UFRJ]