quinta-feira, 23 de setembro de 2010

ANCESTRALIDADE NEGRA

Nossa história foi manchada pelo sangue dos nossos ancestrais.
Arrancados de sua terra, traídos pelos seus irmãos.
Vendidos como mercadoria sem valor, vieram para a “Pátria Amada, Mãe Gentil”.
De gentilezas cruéis, arrancava a pele açoitando as costas de seus filhos adotados.
O sol da liberdade, com seus raios fulgidos foi ofuscada pela escravidão.
Mesmo pós-abolição.
Os filhos deste solo foram arrancados do ventre de sua mãe.
Abortados do ventre da mãe África.
Sendo usurpada viu-se obrigada a acompanhar seus filhos na raiz da cultura que ainda prevalece, para que os seus não esquecessem de onde vieram.
África mãe gentil, Brasil pai cruel e ditador, que explora seu poder de pai, para ser exaltado como indispensável na vida dos filhos.
África mãe gentil, explorada pelo seu senhor Brasil.
Mas apesar de sua fragilidade feminina, resistiu e resiste á séculos de exploração.
Filhos d’África, filhos da força, filhos da resistência.
Filhos d’África não descendemos de escravos.
Também temos o “sangue azul”, também viemos da nobreza.
Descendemos de reis, rainhas, príncipes, princesas.
Nossos Deuses tem seus segredos e mistérios, e estes vieram impregnados nos nosso genes.
Nossa história não começa em 1500 com a chegada dos colonizadores ao Brasil.
Antes disso nossa descendência já estava sendo plantada, com a exploração dos nossos índios.
Brasil, pátria amada Brasil.
Óh grande pai dos afro-descendentes.
Brasil, pai amado Brasil, que tentando mostrar sua autoridade de pai, explorou seus filhos e sua grandiosa esposa África.
Saiba grande pai, que mesmo humilhados, açoitados, torturados pela sua impafia e nobreza,
Nossa gentil mãe África lhe deu a maior nobreza que você tem até os dias de hoje.
Essa nobreza somos nós Afro-descendentes.

POESIA DE : Pollyana Almië

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

"BAGUÁS", OS NEGROS REPRODUTORES

Meu amigo e companheiro de trabalho na cia de dança afro Njo Imolé Rafael Araújo, também é ator, aliás todos do grupo são atores entre outros é claro rs!, e ele está com uma pesquisa sobre este tema, dos negros reprodutores os "Baguás", ele apresentou uma parte deste processo lindo e resolvi postar no blog sobre este assunto, para observarmos o quanto a escravidão foi cruel, desumana, humilhante e descaracterizadora para nossos ancestrais.




No século 19, escravos eram executados se engravidassem escravas sem serem "credenciados"

Em março de 1844, um escravo negro de Três Riachos pagou com a vida por ter engravidado uma escrava de uma fazenda de São Miguel, Biguaçu. Parece absurdo, mas aconteceu. É o que conta Jaime Coutinho, 78 anos, um dos cidadãos mais antigos da comunidade de São Miguel, lembrando-se de antigas histórias contadas de geração a geração.

A execução do negro "Rafael" foi registrada e consta em vários livros sobre a história do município de Biguaçu. No entanto, no documento, não se informava o motivo da sentença do escravo. Os historiadores especulam que, para receber a pena capital, o escravo deve ter assassinado seu senhor. Errado, testemunha Jaime Coutinho. O escravo foi sentenciado à morte porque não era "baguá", isto é, o "garanhão" credenciado para engravidar escravas.

O infeliz teve o azar de o dono da escrava engravidada reclamar para seu senhor. Este último resolveu "dar uma lição" ao escravo Rafael. Sua condenação à morte serviria de exemplo aos outros escravos que viessem a "se engraçar" com as escravas sem a autorização dos donos delas.

Por que tamanho castigo? Os senhores de escravos da região de Biguaçu no século 19 pensavam que, se as escravas fossem engravidadas por escravos desobedientes, os filhos dessa união puxariam a índole do pai, isto é, tornar-se-iam desobedientes. Daí os senhores selecionarem os "machos" de suas escravas. Esses "garanhões" eram chamados de "baguás", informa Coutinho, lembrando de velhas histórias de sua mãe Maria da Rocha Linhares (dona Lola, 1900-1996) e outros parentes seus nascidos no século passado, hoje falecidos.


Negros de classe
No século 19, os negros não eram considerados gente. Tanto é que sequer tinham sobrenome. O costume é o mesmo de hoje com relação a cachorros, gatos e outros bichos. Por acaso, alguém dá sobrenomes aos animais? Sendo considerados "animais", os senhores faziam o mesmo que fazem hoje criadores de éguas de raça: não permitem que suas éguas sejam emprenhadas por "pangarés", mas por garanhões de alta linhagem escolhidos a dedo. Afinal, os criadores de cavalos de raça querem prole puro sangue tal como os senhores de engenho do século passado desejavam escravinhos fortes e obedientes como os pais "baguás".

Quem eram os "baguás"? Eram os "negros de classe", como eram chamados na época os escravos obedientes e serviçais. Cada senhor tinha seu(s) escravo(s) preferido(s). Estes escoltavam os senhores em suas andanças. Muitas vezes eram tão fiéis ao patrão que denunciavam os companheiros que tramassem alguma coisa contra o senhor. Por isso, os "negros de classe" gozavam de regalias. Não faziam o trabalho duro da roça como os outros escravos. Muitas vezes, em retribuição, o senhor dava a permissão ao "negro de classe" virar "baguá". Mas para ser "baguá" não bastava ser obediente. Era preciso também ser forte e robusto. Se o escravo fosse fiel e robusto, a promoção para "baguá" era rápida.

Segundo Jaime Coutinho, o ritual do "engravidamento" começava com o senhor mandando as escravas irem para o "mato". Logo depois chamava o "baguá". Dava o nome das escravas e ordenava: "Vá capinar com elas". Entendido o recado, o "baguá" partia para a "missão", embrenhando-se na mata atrás das escravas indicadas pelo senhor.

Não se sabe se as escravas resistiam ou cumpriam a "ordem" sem protestar. O fato é que, meses depois, os escravinhos nasciam. Conforme Coutinho, muitos dos filhos dos "baguás" eram vendidos para capitães de navios vindos da Argentina e Paraguai que paravam em São Miguel para abastecer-se de água, vinda de um aqueduto que avançava vários metros após a praia. As crianças eram trocadas por carne.


EXECUÇÃO
Rafael era um escravo de apenas 18 anos. Não se sabe os detalhes de como Rafael veio a conhecer e engravidar a escrava de São Miguel. Sabe-se, segundo Jaime, que o escravo saiu de sua fazenda de Três Riachos, subiu a serra, indo parar em São Miguel.

O escrivão esqueceu de mencionar o dia do enforcamento naquele março de 1844. A forca foi instalada no alto de um morro próximo à igreja matriz de São Miguel, ao redor de uma grande plantação de café. Nesse morro, fica hoje um belo casarão de propriedade da família Nass, do falecido farmacêutico de Biguaçu Helmut Nass.

A execução foi assistida pela população local. Muitos pais trouxeram seus filhos para assistir o "espetáculo", entre eles Thomé da Rocha Linhares, que levou seu filho Manoel, na época uma criança pequena. Thomé foi o primeiro superintendente de São Miguel (mais tarde Biguaçu), governando o município em 1833. Manoel é o avô materno de Jaime Coutinho. "Meu bisavó Thomé levou meu avô Manoel para assistir o enforcamento advertindo o filho a ser bonzinho", observa Jaime Coutinho.

A história sobre os "negros reprodutores" em São Miguel (hoje distrito do município de Biguaçu) é um tema inédito que nenhum historiador ainda explorou. Esse estudo dará, certamente, uma interessantíssima dissertação sobre a história da escravidão em Biguaçu, o quarto município mais antigo de Santa Catarina.

Ozias Alves Jr é jornalista.


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terça-feira, 21 de setembro de 2010

SÃO PAULO - CONSIDERADA A SEXTA MAIOR CIDADE DO PLANETA PARA NESTA TERÇA - FEIRA 21/09/2010





O diretor de operações do Metrô de São Paulo, Conrado Grava de Souza, informou na tarde desta terça-feira (21) que 17 trens foram depredados pelos usuários durante o problema que deixou inoperante a Linha 3-Vermelha, durante a manhã. Segundo Souza, a maioria dos trens avariados teve os vidros quebrados. O diretor afirmou que as composições serão consertadas ainda na tarde desta terça e deverão voltar a circular à noite, durante o horário de pico do Metrô.

A Linha 3-Vermelha ficou inoperante desde as 7h50 e voltou a operar às 9h15. Por volta das 10h50, o Metrô informou que o serviço já estava completamente normalizado. O problema prejudicou o funcionamento das 18 estações da linha, que vai de Coritinhians-Itaquera, na Zona Leste, até a Palmeiras-Barra Funda, na Zona Oeste. Segundo Souza, uma blusa teria impedido o fechamento da porta de uma das composições da linha teria sido a origem do problema. Segundo o diretor, ao impedir o fechamento da porta, os usuários da composição se assustaram, acionaram o dispositivo de abertura de portas e caminharam pela via. Os passageiros do trem que vinham logo atrás também apertaram o botão e seguiram pela via, tendo início um efeito cascata.


Souza participou ao lado do governador de São Paulo, Alberto Goldman, e do prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, da inauguração da Estação Tamanduateí do Metrô e da CPTM, na Mooca, Zona Leste da capital.

O governador disse que o problema na Linha 3-Vermelha será investigado. “A polícia será chamada para investigar se houve alguma motivação. Vamos fazer sindicância para saber se foi acidente ou motivado”, disse Goldman.

“Nos últimos dois meses alguns acontecimentos a nível de Metrô e a nível de CPTM nos preocupam. Queremos saber as motivações”, reiterou o governador.

Agora pergunto que estrutura nosso transporte público tem para suportar demandas de super população, qual a estrutura que nossos políticos dão a esta cidade, considerada a sexta maior cidade do planeta, uma metrópoli?

É queridos, precisamos realmente analisar a grande palhaçada que está a política no Brasil, para que nós não precisemos parar de viver. pois hoje infelizmente tudo para, até o metrô da grande São Paulo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

EPAHEI OYÁ



Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento
Vamos chamar o vento


"É vista quando há vento e grande vaga
Ela faz um ninho no enrolar da fúria e voa firme e certa como bala
As suas asas empresta à tempestade
Quando os leões do mar rugem nas grutas
Sobre os abismos, passa e vai em frente
Ela não busca a rocha, o cabo, o cais
Mas faz da insegurança a sua força e do risco de morrer, seu alimento
Por isso me parece imagem e justa
Para quem vive e canta num mau tempo"

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara é santa que me clareia (2x)

A minha voz é vento de maio
Cruzando os mares dos ares do chão
Meu olhar tem a força do raio que vem de dentro do meu coração

O raio de Iansã sou eu
Cegando o aço das armas de quem guerreia
E o vento de Iansã também sou eu
E Santa Bárbara é santa que me clareia

Eu não conheço rajada de vento mais poderosa que a minha paixão
Quando o amor relampeia aqui dentro, vira um corisco esse meu coração
Eu sou a casa do raio e do vento
Por onde eu passo é zunido, é clarão
Porque Iansã desde o meu nascimento, tornou-se a dona do meu coração

O raio de Iansã sou eu...

Sem ela não se anda
Ela é a menina dos olhos de Oxum
Flecha que mira o Sol
Oyá de mim.

DATAS COMEMORATIVAS - CALENDÁRIO AFRO - BRASILEIRO

14/09 - É fundado o jornal O Homem de Cor, o primeiro da imprensa negra brasileira / 1833

SARAU O QUE DIZEM OS UMBIGOS - PLÍNIO MARCOS

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Circuncisão entre Zulus e Xhosas

Em tempos idos, a circuncisão era uma prática generalizada entre as tribos da África do Sul.




Adolescentes participam de ritual de circuncisão na tribo Xhosa.

Obrigatório nos ritos de iniciação dos jovens, a circuncisão era o elemento mais característico e marcava a passagem da adolescência para a idade adulta. Após a iniciação, o jovem podia iniciar os preparativos para constituir família. Retirados das suas famílias, os candidatos eram conduzidos a um lugar isolado. Aí eram submetidos a várias provas físicas para testar a sua força física e mental. No momento oportuno, o responsável pela iniciação procedia à circuncisão, usando uma faca de casa e pouco mais. Os jovens permaneciam incapacitados durante três semanas e eram frequentes as complicações.

Cultura adapta-se

Esta espera obrigatória forçou Shaka Zulu a proceder à abolição desta prática. Há 100 anos, o guerreiro Shaka tinha pretensões expansionistas. Ambicionando alargar o seu império, sub-alternizou tudo à sua política. Três semanas de convalescença eram demasiado longas face às campanhas de guerra, que não podiam esperar, especialmente durante o Inverno, a época seca naquelas paragens. Não tardou a resistência de alguns anciãos que temiam pelo abandono das tradições e da cultura. A abolição da circuncisão era vista como uma afronta à identidade da tribo. Porém, o carisma de Shaka era enorme e a adequada execução sumária de alguns oponentes, bem ao seu estilo, fizeram esquecer esta prática ancestral. Shaka não subverteu a “cultura”; “adaptou-­a” às novas exigências sociais. Como homem carismático que era, a sua visão expansionista não tolerava empecilhos.

Xhosas mantêm-se fiéis

Hoje em dia, entre as grandes tribos sul ­africanas só os Xhosas praticam a circuncisão. E não é por acaso. Ocupam o Cabo Oriental, a zona mais remota e abandonada da África do Sul. Pacíficos como são, os Xhosa procuram manter as suas tradições para garantir a coesão tribal e a paz social. O seu território continua imutável no tempo, com praias invejáveis embelezadas pela floresta virgem e luxuriante ao longo da costa. As suas tradições continuam vivas, inclusive a circuncisão. Em 2008, mais de 90 jovens tiveram de ser internados, mas as complicações também persistem em hospitais. Alguns deles sofreram amputações genitais e, pelo menos, 22 morreram. As autoridades sanitárias da província ameaçam os operadores ilegais e os pais dos jovens podem ser condenados a seis meses de prisão ou a pagar uma multa pesada.

Controvérsia e indiferença

Não falta quem sugira que a prática seja realizada nos hospitais ou pelo menos em lugares limpos, sob o controle médico. Além disso, praticado em geral durante o Inverno, o ritual impede que os alunos façam os exames invernais, causando graves prejuízos. Curiosamente é do Cabo Oriental que têm vindo grandes líderes, no passado e no presente. Homens como Walter Sisulu, Stephen Biko, Nelson Mandela, Govan Mbeki, Thabo Mbeki e outros. Contudo a sua presença nas altas esferas do governo não tem trazido benefícios tangíveis para a população, nem para uma abordagem séria da situação.