quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cinema na Casa: Zumbi Somos Nós

Direção: Frente 3 de Fevereiro

No dia 05 de Junho de 2010, aconteceu na Casa de Cultura do Itaim Paulista, a segunda edição do evento "Cinema na Casa". Dessa vez o documentário exibido foi "Zumbi Somos Nós" da Frente 3 de Fevereiro, que traz as questões raciais à tona, e abre um debate a cerca dos problemas enfrentados pelos negros em uma sociedade brasileira que carrega em pleno século XXI , marcas da tradição escravocrata que contaminou de forma péssima as relações no Brasil.O video expõe a questão da democracia racial, em que muitas pessoas acreditam no ideal de igualdade,porém em contra ponto a policia mata e persegue pessoas de cor padrão, o negro, como o dentista Flávio que foi morto em 3 de Fevereiro de 2004 como aborda o documentário.

O racismo policial é posto em evidência,pelo video em cenas em que a policia diz que " A periferia é terra de ninguém,por isso é feito uma abordagem mais brusca do que em uma àrea nobre". Com isso é possivel ver que o preconceito está instaurado na instituição policial,pois a grande maioria dos moradores das regiões periféricas são negros.

Em "Zumbi somos Nós"é possivel evidenciar que quando se trata de preconceito racial, se estende a outros setores como a estética,que dita um padrão europeu,de olhos azuis e cabelos loiros,padrão esse que não contempla a realidade do brasileiro,que tem como característica a miscigenação de povos, a mescla multicultural, o negro,o indio, o mestiço etnias que acabam sofrendo com a padronização estética européia imposta.

Logo após a exibição do documentário abriu-se uma roda de debate que contou com a presença de componentes da Cia de Dança Afro Njo Imolé,que pesquisa a Cultura Afro, a Trupe Arruacirco que pesquisa o Taetro e a Cultura Popular e o Primeiro Comando Theatral.

Os pontos altos levantados pelos companheiros é de como o preconceito racial depois de 122 anos de abolição da escravatura ainda contamina as relações pessoais na sociedade brasileira. Evidenciamos que a escravidão durou 3 séculos e meio,sendo assim 122 anos é pouco tempo de luta para acabar radicalmente com um preconceito que está enraizado.

Quando falamos no negro, é preciso compreender que nessa palavra existe uma pluralidade de sentidos, esses que também sofrem preconceito, como instrumentos de origem africana como o Atabaques(que são chamados perjotativamente de macumba), a estética, o cabelo, a cultura e a ancestralidade.Ao compreendermos isso,podemos ir além da cor de pele,que é um dos fatores que sofre preconceito sim,mas ir além para dar consciência histórica e politica do negro na sociedade.

E quando atingimos essa conscíência, olhamos para o lado e vemos que somos brasileiros fazendo com que não caíamos em preconceito invertido seja contra o índio,o mestiço e o branco.

Colocamos em debate a questão do " Ideal do Embranquecimento" que diz que ser "Branco é sucesso".E não branco cor de pele, e sim o pensamento "Branco", europeu,colonizador,que diminui a cultura do outro chamando de primitivo tudo o que é diferente,que empurra a ditadura da moda,da cosmética,da chapinha guela a baixo,que impôe a hierarquia para mantêr a ordem, a contenção, o controle, sobre a massa,dizendo a todos "Se adequem ao padrão para viverem melhor".

E saindo do padrão chegamos ao fim do evento. Conseguimos em pleno sábado a noite,fazer acontecer o 2ª Cinema na Casa,utilizando o espaço público,que é a Casa de Cultura do Itaim Paulista,fugindo um pouco do "pão e circo", e do entretenimento vazio,e construindo em uma seção de cinema,uma consciência política e histórica,de quem somos.

E com essa consciência seguimos a caminhada na luta contra o preconceito,pois a muito que lutar a cada dia para não sermos enlatados pelo padrão.

Caminhemos Juntos.

Daniel Marques.


Axé!

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